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Machado-Joseph

O que é?

A doença de Machado-Joseph (MJD) é uma doença neurodegenerativa progressiva. Pertence à família das doenças de poliglutaminas, um grupo de doenças caracterizadas pela expansão do trinucleótido CAG (citosina-adenina-guanina) em genes específicos. No caso da MJD, essa mutação encontra-se no braço longo do cromossoma 14. Causa o acúmulo da proteína ataxina e isso, por sua vez, leva à destruição dos neurónios. É também conhecida como “ataxia espinocerebelar tipo III”, uma ataxia hereditária que, apesar de ser considerada rara, é a mais frequente ataxia autossómica dominante em todo o mundo. Chamamos ataxia um distúrbio neurológico caracterizado pela “lentidão” de áreas específicas do cérebro (cerebelo, tronco cerebral, medula espinhal, nervos periféricos e o núcleo da base), traduzindo-se, maioritariamente, na falta de coordenação dos movimentos musculares voluntários e na falta de equilíbrio. Apesar da perda progressiva dos movimentos, o seu intelecto permanece intacto.

Diagnóstico

Embora o histórico familiar e o exame físico possam ajudar no diagnóstico, este é feito com exames neurológicos, exames de sangue específicos e ressonâncias magnéticas, que podem identificar alterações no tamanho do cérebro causadas pela doença. O teste comprova 100% dos casos, consiste em determinar diretamente o número de tripletos de CAG (responsável pela codificação da glutamina) suspeitos no ADN de um paciente. Isso pode ser feito facilmente num laboratório clínico especializado em pesquisa genética.

Tratamento

Não há cura para a MJD, mas alguns sintomas da doença são tratáveis e, requerem cuidados sintomáticos e de suporte, cuidados esses passados pelo(a) devido(a) neurologista. Para aqueles com características da doença de Parkinson, a terapia com L-dopa pode ajudar por muitos anos. O tratamento com medicamentos antiespasmódicos, como o baclofeno, pode ajudar a reduzir a espasticidade. A toxina botulínica também pode tratar espasticidade grave e alguns sintomas de distonia. Problemas de fala e dificuldade para engolir podem ser tratados com medicamentos e terapia da fala. A fisioterapia pode ajudar os pacientes a lidar com deficiências relacionadas a problemas de marcha. Auxiliares físicos, como andadores e cadeiras de rodas, ajudam nas atividades diárias. Por fim, mas não menos importante, a ajuda de um(a) psicólogo(a) para tratar quadros clínicos como a depressão e alterações no sono, que decorrem da doença.

Grupos de risco

Um dos principais agravantes da síndrome é que ela é hereditária e pode afetar até três gerações de uma mesma família. A chance de passar de pai para filho é de cerca de 50%, e ambos os sexos podem ser afetados. Estima-se que esta patologia afete 0,3 a 2 pessoas a cada 100.000 em todo o mundo, afetando 1 em cada 4000 pessoas de ascendência portuguesa. Contudo, nalgumas regiões, a prevalência da doença é muito mais elevada, como na ilha das Flores, Açores, onde a cada cerca de 200 pessoas, 1 sofre com esta doença.

Origem

A doença de Machado-Joseph (MJD) foi originalmente descrita em membros das famílias de Machado, Thomas e Joseph da ilha de são Miguel, Açores, Portugal, em 1972. William Machado era português açoriano, já Antone Joseph era um açoriano que em 1845, migrou para os EUA. Em 1977, Paula Coutinho, neurologista portuguesa, descreveu uma doença nos açorianos, com múltiplas características fenotípicas, que, na verdade, era a mesma doença relatada anteriormente nos EUA, nos descendentes de Antone Joseph. Em 1980, Paula batizou a doença de "doença de Machado-Joseph", homenageando os primeiros pacientes e descendentes que sofreram da doença.

Causas

É uma mutação genética que causa expansão do gene ATXN3, localizado no braço do cromossoma 14. O gene ATXN3, quando funcional, codifica a proteína ataxina-3, proteína essa que está envolvida na degradação de proteínas danificadas no organismo, fazendo parte do sistema ubiquitina-proteossoma. As células do sistema nervoso central são muito suscetíveis a mutações do gene ATXN3. A acumulação de proteínas danificadas que não são degradadas nos neurónios leva à morte neuronal.

Tipos

A DMJ tem uma expressão clínica e idade de início variáveis, o que torna o diagnóstico difícil e levou à definição da doença em quatro subtipos clínicos. O tipo 1 da DMJ manifesta-se precocemente, com idade de início entre os 10 e os 30 anos, e é rapidamente progressivo. Associa uma síndrome atáxica cerebelosa ligeira e oftalmoplegia externa progressiva com sinais piramidais e extrapiramidais predominantes, como distonia, tremores e parkinsonismo. O tipo 2 é a forma mais frequente da doença, caracterizada por uma ataxia associada a oftalmoplegia externa progressiva, com início entre os 20 e os 50 anos de idade e uma progressão intermédia. Pode ter sinais piramidais e extrapiramidais, mas quando presentes são leves. O tipo 3 manifesta-se mais tardiamente, entre os 40 e os 70 anos de idade, e tem uma progressão lenta da sintomatologia. Caracteriza-se pelo predomínio de sinais periféricos, como neuropatia periférica e amiotrofia. O tipo 4 é o tipo clínico mais raro e inclui doentes com sintomatologia parkinsónica associada a outros sintomas mais comuns da DMJ, que podem responder a L-dopa.

Sintomas

O principal sintoma da síndrome de Machado-Joseph é a perda da coordenação motora, sintoma parecido com o do Mal de Parkinson, o que pode causar confusão. Outros sintomas comuns são:

  • Fraqueza nos membros;

  • Perda de equilíbrio;

  • Aumento da rigidez dos músculos;

  • Paralisia progressiva dos movimentos dos olhos;

  • Visão dupla;

  • Reflexos exagerados a estímulos;

  • Problemas de fala e deglutição;

  • Problemas do sono.

De início, os sintomas são leves e costumam agravar-se com o passar dos anos.


https://www.karger.com/Article/Abstract/507191 https://www.h9j.com.br/pt/sobre-nos/blog/o-que-e-a-sindrome-de-machadojoseph https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/8523/1/6071_12731.pdf https://rarediseases.org/rare-diseases/machado-joseph-disease/ https://www.brainfacts.org/diseases-and-disorders/neurological-disorders-az/diseases-a-to-z-from-ninds/machado-joseph-disease https://www.juponline.pt/ciencia-saude/artigo/30779/boletim-medico-doenca-de-machado-joseph.aspx https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUKEwj7q4Wp57n2AhXRgP0HHbSUAOwQFnoECDUQAQ&url=https%3A%2F%2Frepositorio-aberto.up.pt%2Fbitstream%2F10216%2F10229%2F7%2F644_TD_01_P.pdf&usg=AOvVaw0o3wSdGNfqoPZO4lJ2VCtH http://scienceplatformpt.cbmr.ualg.pt/index.php/2018/10/18/machadojoseph/ https://www.behance.net/gallery/28250491/MJD

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